sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sono ou Corinthians?


 Finalmente, depois de três horas de sono, tinha pique para fazer alguma coisa. O problema é que eu estava (acho que ainda estou) no fuso-horário brasileiro. Eram quase meia noite. Quando liguei o micro (a internet tinha milagrosamente funcionado) percebi que eram ainda sete horas da noite no Brasil. Tentei procurar na internet algum bar onde pudesse ver o jogo Corinthians X Boca Juniors, mas não consegui nada. Falei com o atendente da portaria e ele disse que isto seria difícil, pois era quarta-feira e não haveria bares abertos este horário. Então, fazendo as contas, vi que ele tinha razão: se o jogo começa às 21:50, horário do Brasil, e o horário da Espanha é sempre 5 horas à mais, o jogo passaria aqui às 2:50 da madrugada. O dono do bar precisa ser muito curintiano mesmo para passar um jogo destes aqui em Madri. Percebi que o jeito mesmo seria a internet. Mas antes, vou dar uma primeira vista na noite madrilena.
Poucas quadras do hotel encontrei uma Plaza muito animada. Ela estava cheia de jovens, muitos deles americanos. Em um bar estavam uma porção de garotos bêbados cantando o hino americano. Convenhamos que não é algo muito agradável de se ver. Eu estava com fome e precisa encontrar um lugar para comer. Como moro na Vila Madalena, em São Paulo, sei que nem sempre o lugar da badalação é o melhor lugar para a degustação. A maioria dos bares abertos era claramente focada na diversão e não na alimentação. Diga-se de passagem, a maioria dos lugares era muito bem decorada, tudo de muito bom gosto. Os bares eram modernos, mas de estilo indiscutivelmente espanhol. Entrei no primeiro que eu vi um cartaz com referência à bebida e não à comida. O destaque da carta é o “Rabo de Toro”. Achei que isto fosse algum drink, tipo “rabo de galo”, mas não era, era a parte trazeira do animal mesmo, algo que nós chamamos de “traseiro” no Brasil.
O prato estava bom. Pela vitrine pude acompanhar o movimento da rua. É incrível o quanto de pessoas que passava, contando que era quarta-feira. Todos muito bem arrumados, principalmente as meninas. A maioria era jovem, mas também havia casais mais idosos e quarentões. Quando voltei ao hotel perguntei se havia algum evento na cidade, pois havia muitos estrangeiros nas ruas. A atendente disse que não, era apenas o verão espanhol...
De volta ao quarto, ainda cansado pela viagem, tive uma difícil decisão a fazer: sono ou Corinthians? Queria ver o jogo, mas também queria dormir. Era mais de duas horas da madrugada, horário local. Minha disposição de torcedor-secador tem limite, pois nem sou muito fã de futebol. No final acabei me distraindo conversando com meu primo Deivede Will e esperei o jogo começar. Mas vou confessar uma coisa a vocês, estava “pescando”. Acho que a programação da TV espanhola de madrugada, que era basicamente programa de auto-ajuda e religiosos me distraia mais. No final do primeiro tempo, jogo zero a zero, desliguei o computador e fui dormir. Para mim, o sono venceu o Corinthians quarta.

Madri, primeiras impressões


O velho anarquismo espanhol!


A dura vida dos espanhois quarta à tarde
A primeira vista de Madri me impressionou muito. Sai do apertado metro (a rede é boa, mas os carros são bem menores do que os brasileiros) para uma belíssima praça, que me lembrou um pouco as praças do interior de São Paulo, só que com um pouco mais de bêbados. Havia idosos sentados nos bancos conversando e jogando baralho. Os prédios possuem uma arquitetura típica, que depois percebi que se espalha pela cidade inteira. Há alguns bares na praça “Tirso de Molina”, onde desci, como muitos bancos nas calçadas. Mesmo sendo dia de semana e no meio da tarde, há pessoas lendo, bebendo, conversando e passeando com cachorro; dando uma impressão de domingo tranquilo. Estava muito calor. Eu mesmo me senti tentado a tomar uma bebida também. Mas a mala pesada não me ajudava nisto. Também havia muitos jovens na praça e nos arredores. Eu escutava espanhol, inglês, francês e línguas asiáticas.
Calor tropical
Em dois quarteirões cheguei ao hostel que havia reservado por indicação do amigo Patrick. Fui atendido por uma simpática atendente, Poliana, brasileira. Quando eu disse em portunhol barato, “Hola aqui é hotel” ela respondeu “hotel, em português? É aqui sim”. Cai na risada. Ela me sugeriu ficar em um quarto com banheiro individual, para ter mais privacidade. Acabei aceitando e mudei de hotel. Fui para o Hotel Cervelo, na rua Atocha, onde estou agora.
O Hotel é bom. O que me impressionou à primeira vista é que a portaria não é no térreo, mas no primeiro andar. Não há porteiro eletrônico ou presencial impedindo que o mundo externo “invada” o mundo interno. Qualquer um pode entrar no prédio, subir a belíssima escada de madeira e ir aos pisos superiores.
Estátua de Tirso de Molina
A primeira coisa que pensei quando cheguei era telefonar para o pessoal do Brasil. Mas a internet do hotel simplesmente não funcionava no meu micro. Fui na portaria resolver o problema e nada. Eles não sabiam o que estava acontecendo. Realmente a internet não estava me ajudando. Primeiro o problema em Cumbica, agora isto! Sem falar que perdi o cabo USB para o celular e por isto não consigo carregá-lo. Até agora, dois dias depois, ainda não consegui carregar meu celular!! O jeito foi apelar para a Lan House.
Depois de avisar o povo que tinha chegado e estava bem, só queria dormir. Tinha praticamente virado a noite anterior no avião. Mais ainda tinha uma ideia fixa: ver o jogo da final da libertadores. Mas precisava descansar antes. Boa noite a todos... 


Será que tem churros da Dona Florinda?

Imigrantes africanos em Madri

Rua Luis Veles

Meu quarto no Hotel Cervelo

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Voo para a Espanha


 

Olá Colegas!

Como prometido vou colocar aqui minha viajem a Madri. Começando pelo voo.
Acho que é bom fazer um relato, pois com o tempo eu mesmo esqueço das coisas. Ter um diário de viagem é uma espécie de complementos para as fotos e outras recordações de nossa viagem e, porque não dizer, de nossa vida.
Bem, vamos à viagem!
Cheguei ao aeroporto de Cumbica bem antes do voo. Tinha prometido a mim mesmo que não iria fazer como das outras vezes que fiz tudo em cima da hora. Não é a toa que já perdi três voos (ou quatro, se contar a vez que meu passaporte estava vencido e tive que remarcar a viagem para o outro dia). Aliás, a Cris, meu anjo da guarda, também me incentivou a ser mais prevenido.
Isto foi bom, pois fiz o check-in bem tranquilo. O problema é que tinha que enviar um email importante para meus alunos e o aeroporto simplesmente não colaborava. Ao contrário do que diziam anúncios enormes espalhados pelo aeroporto, não há Wi-fi no saguão do aeroporto, nem grátis nem pagando. Isto mesmo! Fui na loja da Oi (antiga loja da telefônica) e a rede simplesmente não reconheceu meu notebook. Tentei acessar o computador de lá mesmo e ele não reconheceu meu pendrive!  Os computadores estavam caindo aos pedaços. Fui perguntar no balcão de informações e me disseram que a internet grátis da Infraero era só para a área de embarque. Depois, quando estava na área de embarque, me disseram que a internet grátis era só para a área de check-in.  Maravilha, não é?

Não acredite neste anúncio!!
No final, enviei meu email com 30 minutos de atraso, um horror para um professor.
Meu Anjo me acompanhou até o embarque.
Aliás, demorei tanto para solucionar este problema do email que acabei perdendo grande parte da vantagem que tinha ganhado na chegada e tive que correr para o embarque. Despedi-me com um beijo longo na Cris (ela me acompanhou até o aeroporto, não é uma fofa gente!!) e fui o embarque.
Lá dentro estava uma fila enorme. Fazia um caracol imenso. “É culpa das férias” disse uma atendente. Imaginem o que será este país na copa do mundo!!
Pois bem, finalmente embarquei no avião (com 40 minutos de atraso). Era um Airbus A330 enorme. Mas as poltronas eram meio apertadas. Não era muito confortável. Durante a noite o avião balançou muito. Nunca fui de ter medo de avião. Sei que existem normas rígidas de segurança, estatisticamente é confiável, etc etc. Mas depois dos acidentes ocorridos nos últimos anos eu fiquei com um, digamos, receio dos voos. Resumo: não consegui dormir a noite toda. Mesmo estando cansadíssimo (corri muito a semana toda para preparar a viagem e fechar os compromissos na escola, no trabalho, etc) fiquei acordado, vendo episódios do Mr. Bean (hilários) e o filme “Se Beber Não Case 2” (achei que os autores do filme ficaram com preguiça e fizeram o mesmo filme duas vezes, só mudaram o cenário!). Mas o que mais me divertiu mesmo era a opção onde você vê quanto tempo falta para chegar ao destino. Isto eu via toda a hora.
Poltronas apertadas, mas até que tem uma boa programação.
Somente dormi quando raiou o dia. O sol, meu rei, derreteu as nuvens e o avião ficou estável. Cheguei ao imponente aeroporto de Barajas-Madri por volta das 13hs, horário local. Estava um céu de brigadeiro e um calor infernal. O policial da imigração apenas perguntou quantos dias eu ia ficar e quanto dinheiro eu tinha. Nem tive que mostrar meu “quite anti-deportação”, com reserva de todos os dias, carta de aceite do Congresso, passagem de volta e tudo mais. Acho que a pressão da diplomacia brasileira para um tratamento melhor para os brasileiros tem funcionado. Ou será que eles simplesmente querem o dinheiro dos turistas por causa da crise?
Aqui em Madri, existe uma estação de metro que fica dentro do aeroporto. Para mim, não há nada mais civilizado do que isto. É um absurdo o que temos que enfrentar em Cumbica, onde demoramos (com sorte) duas horas para chegar. Em 20 minutos de viagem já estava na estação Tirso de Molina. Logo na saída pude contemplar a paisagem da bela capital espanhola.
O resto fica para o próximo posto. Preciso sair para jantar.
Abraços...

Aguarde os próximos posts!