Finalmente, depois de três horas
de sono, tinha pique para fazer alguma coisa. O problema é que eu estava (acho
que ainda estou) no fuso-horário brasileiro. Eram quase meia noite. Quando
liguei o micro (a internet tinha milagrosamente funcionado) percebi que eram ainda
sete horas da noite no Brasil. Tentei procurar na internet algum bar onde
pudesse ver o jogo Corinthians X Boca Juniors, mas não consegui nada. Falei com
o atendente da portaria e ele disse que isto seria difícil, pois era
quarta-feira e não haveria bares abertos este horário. Então, fazendo as
contas, vi que ele tinha razão: se o jogo começa às 21:50, horário do Brasil, e
o horário da Espanha é sempre 5 horas à mais, o jogo passaria aqui às 2:50 da
madrugada. O dono do bar precisa ser muito curintiano mesmo para passar um jogo
destes aqui em Madri. Percebi que o jeito mesmo seria a internet. Mas antes,
vou dar uma primeira vista na noite madrilena.
Poucas quadras do hotel encontrei
uma Plaza muito animada. Ela estava cheia de jovens, muitos deles americanos.
Em um bar estavam uma porção de garotos bêbados cantando o hino americano.
Convenhamos que não é algo muito agradável de se ver. Eu estava com fome e
precisa encontrar um lugar para comer. Como moro na Vila Madalena, em São Paulo,
sei que nem sempre o lugar da badalação é o melhor lugar para a degustação. A
maioria dos bares abertos era claramente focada na diversão e não na
alimentação. Diga-se de passagem, a maioria dos lugares era muito bem decorada,
tudo de muito bom gosto. Os bares eram modernos, mas de estilo
indiscutivelmente espanhol. Entrei no primeiro que eu vi um cartaz com
referência à bebida e não à comida. O destaque da carta é o “Rabo de Toro”. Achei
que isto fosse algum drink, tipo “rabo de galo”, mas não era, era a parte
trazeira do animal mesmo, algo que nós chamamos de “traseiro” no Brasil.
O prato estava bom. Pela vitrine
pude acompanhar o movimento da rua. É incrível o quanto de pessoas que passava,
contando que era quarta-feira. Todos muito bem arrumados, principalmente as
meninas. A maioria era jovem, mas também havia casais mais idosos e quarentões.
Quando voltei ao hotel perguntei se havia algum evento na cidade, pois havia
muitos estrangeiros nas ruas. A atendente disse que não, era apenas o verão
espanhol...
De volta ao quarto, ainda cansado
pela viagem, tive uma difícil decisão a fazer: sono ou Corinthians? Queria ver
o jogo, mas também queria dormir. Era mais de duas horas da madrugada, horário
local. Minha disposição de torcedor-secador tem limite, pois nem sou muito fã
de futebol. No final acabei me distraindo conversando com meu primo Deivede
Will e esperei o jogo começar. Mas vou confessar uma coisa a vocês, estava “pescando”.
Acho que a programação da TV espanhola de madrugada, que era basicamente
programa de auto-ajuda e religiosos me distraia mais. No final do primeiro
tempo, jogo zero a zero, desliguei o computador e fui dormir. Para mim, o sono venceu
o Corinthians quarta.